quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Professora, indigenista, feminista: as múltiplas faces de Leolinda Daltro






Leolinda Daltro, 1890.
Fonte: Da catechese dos índios no Brasil. Notícias e documentos para a História. Rio de Janeiro: Typographia da Escola Orsinba da Fonseca, 1920.

Uma mulher, diversas faces. Leolinda de Figueiredo Daltro nasceu na Bahia, em 1859. Viveu a maior parte da sua vida no Rio de Janeiro, onde morreu em 1935. Professora primária, ganhou notoriedade na cidade por sua atuação no movimento pelos direitos das mulheres quando fundou o Partido Republicano Feminino, em 1910.


Feminista. Esta é uma das faces mais conhecidas desta professora e que faz parte da abordagem da maioria dos trabalhos acadêmicos desenvolvidos sobre ela ou sobre a história do feminismo no Brasil. Não é sem razão, já que ela é considerada uma das percussoras do movimento feminista no Brasil. A primeira investida de Leolinda no feminismo se deu em 1909, quando organizou uma agremiação de mulheres que colaborou com a campanha  do marechal Hermes da Fonseca à presidência da República - a Junta Feminil Hermes/Wenceslau. As ativistas esperavam que, caso fosse eleito, Hermes da Fonseca concedesse direitos às mulheres, como o acesso ao voto, em resposta ao apoio recebido durante a campanha presidencial.

Em 1910, Leolinda entrou com um requerimento na justiça eleitoral para se alistar como eleitora, alegando que a Constituição de 1891 não negava este direito às mulheres (neste caso, ela seguiu o exemplo da advogada Myrthes de Campos, que foi a primeira mulher brasileira a fazer este requerimento). Com a negativa da justiça, ela fundou o Partido Republicano Feminino, voltado para a defesa do voto das mulheres. A criação do partido foi um movimento pioneiro na luta das mulheres  brasileiras em favor do direito ao voto. Durante sua luta, a professora foi vítima constante da imprensa, que insistia em critica-la e ridiculariza-la por suas ideias.

Dentre suas estratégias de conscientização e mobilização feminina, Leolinda Daltro organizou, em 1917, uma marcha pelas ruas do Rio de Janeiro com a participação de noventa mulheres. Em 1919, apresentou novo requerimento à justiça eleitoral e se candidatou ao cargo de intendente do Rio de Janeiro conquistando uma votação expressiva, mas sem conseguir se eleger. Sua última investida política foi em 1934, quando se candidatou à Assembleia Constituinte.


 
Folheto da campanha de Leolinda Daltro à Assembleia Constituinte.


Antes de se envolver no movimento feminista, a professora Leolinda Daltro atuou como indigenista e foi uma grande ativista em favor da implantação de uma educação laica para os índios do Brasil. Foi sua experiência como indigenista e, principalmente, as dificuldades que enfrentou para colocar em prática seu projeto educacional para os índios, que a levou para o movimento feminista.

Segundo ela, após anos de engajamento pela causa dos índios, de participação em congressos e até mesmo a criação de uma associação de defesa dos indígenas, havia a expectativa de sua parte em ser nomeada diretora em uma das diretorias de índios criadas pelo novo órgão governamental responsável pela inserção dos índios à comunidade nacional, em 1910 - o SPILTN ( Serviço de Proteção aos Índios e Localização de Trabalhadores Nacionais). Durante sua atuação na capital federal a favor dos índios, ela tinha estabelecido relações com o ministro da agricultura, Rodolpho Miranda, cuja pasta era responsável pela administração do SPLTN. Durante um encontro com o ministro, ela teria tido a oportunidade de apresentar seu projeto de educação e de fundação de uma colônia indígena em Goiás. Na ocasião, Rodolpho Miranda teria lhe prometido o cargo de diretora quando o órgão governamental fosse criado.
Mas após a criação do órgão, Leolinda Daltro foi esquecida. Não foi sequer convidada para a festa de inauguração. E ao procurar o ministro para cobrar o cargo prometido, teria ouvido que sua nomeação não seria possível, pois Candido Rondon havia sido nomeado diretor do SPILTN e, na condição de positivista, não aceitava a nomeação de mulheres para cargos públicos.
Na opinião positivista do Coronel Rondon, a mulher só tem competência para administrar o departamento culinário do lar, acalentar crianças, lavar e engomar, ou então passear pelas Avenidas, entregando-se aos prazeres do luxo e...e...basta.

Ainda segundo seu relato, foi a resposta do ministro que lhe incutiu a necessidade de organizar um movimento de contestação à discriminação da mulher e a favor do voto feminino.

Recebi as palavras do Ministro Rodolfo Miranda, como se fossem a declaração positiva da nulidade feminina, como se ouvisse uma legenda ignóbil da desmoralização do meu sexo! Senti, então, em mim despertar o espírito da revolta; compreendi ser necessário uma campanha persistente e tenaz no sentido de destruir o terrível preconceito.



A não inclusão de Leolinda Daltro nos quadros do recém criado SPILTN colocou por terra toda a esperança que a professora tinha de concretizar seus planos de educação indígena que havia se iniciado quatorze anos antes da criação do órgão governamental. A atuação da professora entre os índios se iniciou em 1896, quando decidiu atender o pedido de um grupo de índios Xerente que veio ao Rio de Janeiro solicitar ao presidente da República um professor para sua aldeia.

Sem auxílio governamental e contando apenas com ajuda de amigos e colaboradores simpatizantes da causa indígena, Leolinda passou cerca de cinco anos percorrendo os sertões de Goiás. Seu objetivo era fundar uma escola na aldeia dos Xerente, localizada às margens do rio Tocantins. Para realizar este empreendimento, deixou seu cargo de professora, sua casa e filhos pequenos sob o cuidado de terceiros.

Em Goiás, Leolinda encontrou aquele que seria um dos maiores obstáculos para implantação do seu projeto entre os índios: a oposição dos missionários católicos que atuavam no estado. A aldeia dos índios Xerente era administrada por um frade capuchinho que atuava na região há cerca de trinta anos - Frei Antônio de Ganges. A inserção da professora entre os índios foi visto como uma afronta e invasão de território pelo capuchinho.  Além do frade capuchinho, Leolinda teve que enfrentar a resistência dos missionários dominicanos que haviam acabado de inaugurar uma missão entre os índios Kayapó em Conceição do Araguaia. Ao retornar ao Rio de Janeiro, a professora acusou os frades não apenas de serem os responsáveis pelo fracasso da sua missão como também de tramarem diversos planos para assassiná-la. Seus relatos, publicados pela imprensa carioca, dão conta de que, além de tentar levantar recursos junto ao governo federal, seu retorno à cidade era também uma forma de se resguardar de seus inimigos, já que permanecer em Goiás representava um perigo à sua vida. 

Além da resistência dos missionários, a falta de recursos financeiros foi outro motivo que impossibilitou a implantação da escola indígena. Leolinda não conseguiu financiamento do governo estadual e a alternativa foi recorrer ao governo federal. Com este objetivo, ela retornou ao Rio de Janeiro, em 1900. Durante dois anos, apresentou para a imprensa e autoridades da Capital Federal o seu projeto de criação de uma colônia indígena às margens do rio Araguaia, onde os índios seriam educados sem influência religiosa e preparados para o mundo do trabalho.

Após dois anos no Rio de Janeiro, em 1902, a professora ficou sabendo pela imprensa que um novo grupo de índios havia chegado ao Rio de Janeiro. Ao procurar por eles, descobriu que este era composto por seus já conhecidos índios de Goiás. Segundo ela, a missão do grupo era leva-la de volta à aldeia. A visita dos índios foi a motivação que a professora precisava para fortalecer junto ao governo a sua campanha de criação da colônia indígena. Desta vez, ela pode contar com a ajuda de acadêmicos, políticos e com alguns órgãos da imprensa carioca.

Sua luta pelo retorno à Goiás resultou na criação de uma associação de proteção aos índios e diversas participações em congressos de várias instituições acadêmicas, onde ela aproveitou para apresentar um plano mais acabado de educação para os indígenas. Sua principal plataforma era a defesa de uma educação laica, voltada para a formação desses indivíduos como cidadãos e trabalhadores.

Os índios que vieram busca-la não retornaram para Goiás. Hospedados na casa da professora, passaram a receber a educação e a formação que ela pretendia implantar na sua desejada escola indígena goiana. Vestidos ao modo "civilizado", educados e formados profissionalmente, estes índios passaram a circular com Leolinda pela cidade do Rio de Janeiro visitando políticos, governantes, associações científicas e acadêmicas, servindo como modelo de seu projeto educacional.



Fonte: DALTRO, Leolinda. Da catechese dos índios no Brasil. Notícias e documentos para a História. Rio de Janeiro: Typographia da Escola Orsina da Fonseca, 1920.


Sua proposta de catequese leiga para os índios se baseava como uma oposição à catequese religiosa, a partir da defesa de um currículo educacional com técnicas e formação profissionalizante, e também artes, ciência e literatura.



Tornei-os [os índios] cidadãos úteis, pois lhes dei profissão, sendo dois ferreiros, dois carpinteiros, um pintor e um mecânico, empregando-se este na Estrada de Ferro Central do Brasil como ajustador de máquinas, já tendo quase prontos os preparatórios para fazer exame na Escola Politécnica, quando foi vitimado pela gripo em 1918.


 Mas para a professora, não bastava transformar os índios em trabalhadores, ensiná-los a ler e escrever, vesti-los ao modo "civilizado". Era preciso investi-los de seus direitos de "cidadão da República". A completude da civilização estava no direito à cidadania e imbuída deste pressuposto, os alunos indígenas do sexo masculino foram inscritos como eleitores e participaram de uma eleição para deputados, em 1906 (provavelmente, são os primeiros índios eleitores da história do Brasil).


Recibo eleitoral de Djalma Uacumupté.
Fonte: DALTRO, Leolinda. Da catechese dos índios no Brasil. Notícias e documentos para a História. Rio de Janeiro: Typographia da Escola Orsina da Fonseca, 1920.




Recibo eleitoral de Kuroki Porpipó.
Fonte: DALTRO, Leolinda. Da catechese dos índios no Brasil. Notícias e documentos para a História. Rio de Janeiro: Typographia da Escola Orsina da Fonseca, 1920.


As índias mulheres receberam uma educação muito semelhante a dedicada às mulheres não índias: voltadas para a formação das mesmas como "boas mães de família", aprendendo tarefas domésticas e também atividades profissionalizantes.
Ás índias (duas cherentes, duas guaranys e uma caraó), além da mais per­feita educação doméstica que receberam, tornando-se bôas donas de casa, ensinei também profissões úteis. Fizeram-se habeis costureiras (a guarany e as cherente), constando-me que uma dellas tem officina de costuras em Goyas, revelando-se a caraó uma perfeita florista, sendo sua especialidade de trabalho de flores em pennas.
Fonte: DALTRO, Leolinda. Da catechese dos índios no Brasil. Notícias e documentos para a História. Rio de Janeiro: Typographia da Escola Orsina da Fonseca, 1920.



Fonte: DALTRO, Leolinda. Da catechese dos índios no Brasil. Notícias e documentos para a História. Rio de Janeiro: Typographia da Escola Orsina da Fonseca, 1920.

A proposta educacional de Leolinda Daltro para os índios se assemelha muito com a sua prática de educadora nas escolas públicas do Rio de Janeiro. A atuação pedagógica de Leolinda Daltro apresenta diversas características das ideias liberais que marcaram o início do século XX acerca do papel da educação para a construção da nação, para a modernização do país e para a moralização e disciplinarização da população. Durante anos, ela atuou em cursos noturnos atendendo alunos que estudavam durante o dia. Primeiro, trabalhou no Matadouro de Santa Cruz, depois no Engenho de Dentro e na Praia Pequena, onde atendia operárias da fábrica de fósforos Cruzeiro.
Transferida ainda por conveniência do ensino, e ainda por meio de dous – ABAIXO ASSIGNADOS – para a Praia Pequena, continuei com o CURSO NOCTURNO – no qual se matricularam sessenta e quatro operarias da FABRICA DE PHOSPHOROS CRUZEIRO, tendo eu a felicidade de en­sinar e educar pobres moças analphabetas, das quaes hoje são professoras cathedraticas, algumas floristas, modistas, etc. Esses cursos foram manti­dos GRATUITAMENTE, fóra do programma oficial e por minha propria conta...
Segundo seus relatos, sua pedagogia já era admirada desde os tempos do Império e seu programa educacional para jovens e crianças da cidade incluía aulas de ginástica, formação para o trabalho e exaltação dos valores nacionais. E a preocupação com a formação para o trabalho já estava presente na sua prática educativa.

O programma primário era, naquella época, por demais deficiente; o ensi­no limitava-se à leitura, escripta, grammatica e ás quatro operações funda­mentaes da arithmetica.
Achei que isso era pouco e que eu podia, como professora, amplial-o, o que fiz, inaugurando um novo regimen escolar. Iniciei, portanto, o ensino de ARTES E PROFISSÕES, de que o programma oficial não cogitava, de forma que as creanças cursassem, além das matérias do programma oficial, mais outras, facultando-lhes assim aptidões necessárias afim de que, ao sahirem da escola, podessem obter, com trabalho, os meios de subsistên­cia.
 
A preocupação com a educação feminina esteve sempre presente durante toda a carreira de Leolinda como professora. Após o episódio da exclusão do SPILTN, ela passou a se dedicar à luta pelo direito das mulheres e também à educação feminina. 
Em 1911, ela fundou a Escola de Artes e Profissões Orsina da Fonseca, voltada para a formação de mulheres. O ensino era gratuito e na escola as alunas aprendiam bordados, corte e costura, fabricação de chapéus, enfermagem, além das disciplinas elementares. A preocupação estava em possibilitar a essas alunas uma formação profissional que as possibilitasse obter meios de sobrevivência no caso de ficarem viúvas, e no caso de alunas com  poucos recursos, uma atividade econômica que as afastassem da prostituição.
Havia um rigor técnico e uma preocupação com qualidade do ensino, que Leolinda procurava suprir recrutando profissionais qualificados para o ensino de cada profissão, como o alfaiate que ensinava o corte de roupas masculinas, e o médico, que dava aulas de enfermagem.
O programma da escola é diffundir o ensino prático das profissões ade­quadas às mulheres. Alli elas aprendem a fazer chapéos, flores, bordados, cortar seus próprios vestidos e até cortar as roupas de seus maridos e filhos. Para isto pagamos um alfaiate que ensina a fazer roupas para homem.




A Noite, 03/08/1934.
Fonte: Fundação Biblioteca Nacional



Uma das últimas aparições de Leolinda Daltro na imprensa carioca foi no jornal A Noite, em 1934. O movimento feminista já havia garantido grandes conquistas, como o direito das mulheres se candidatarem e serem eleitas para cargos públicos, e tinha como principal ativista e representante a Dra. Bertha Lutz.

A reportagem alude o pioneirismo da professora e lamenta o esquecimento dado à ela pelas próprias integrantes do movimento feminista da época. Aos 75 anos de idade, ela participava ativamente das atividades da Escola Orsina da Fonseca e perguntada se depois de tudo o que fez ao longo da sua vida dava por acabada a sua luta em favor das mulheres, ela respondeu: 



Não! Enquanto puder hei de lutar pela mulher! Principalmente agora que ela começa a ter seus direitos reconhecidos pelos homens. Fui a primeira eleitora que se qualificou. O feminismo que eu preguei e defendi com enorme sacrifícios, não pregava diretamente a conquista de postos de representação.  Não tínhamos ambições pessoais. Queríamos, antes de tudo, dar à mulher um lugar melhor na sociedade, como elemento de progresso, libertando-a, tanto quanto possível, da escravidão e da situação de inferioridade em que viviam.

  
Leolinda faleceu no ano seguinte, em decorrência de um atropelamento numa das principais ruas da capital. Como  reconhecimento de sua atuação e importância na conquista dos direitos das mulheres, a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) criou o diploma Mulher Cidadã Leolinda de Figueiredo Daltro, em 2004. O diploma é concedido àquelas que tenham contribuído na defesa dos direitos da mulher e nas questões de gênero.

PARA SABER MAIS:
ABREU, Maria Emília Vieira de. Professora Leolinda Daltro: uma proposta de catequese laica para os indígenas do Brasil (1895-1911). São Paulo: PUC SP, 2003.

CORRÊA, Mariza. Os índios do Brasil elegante & a professora Leolinda Daltro. In: Antropólogas & Antropologia. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.
DALTRO, Leolinda. Início do feminismo no Brasil. Subsídios para a História. Rio de Janeiro: Tipographia da Escola Orsina da Fonseca, 1918.
_______________ Da catechese dos índios no Brasil. Notícias e documentos para a História (1896-1911). Rio de Janeiro: Tipographia da Escola Orsina da Fonseca, 1920.
GRIGÓRIO, Patrícia Costa. A professora Leolinda Daltro e os missionários: disputas pela catequese indígena em Goiás. Rio de Janeiro: Editora Multifoco, 2013.
ROCHA, Elaine Pereira. Entre a pena e a espada – A trajetória de Leolinda Daltro: 1859-1935 – Patriotismo, indigenismo e feminismo. Tese de Doutorado. FFLCH-USP, 2002.

6 comentários:

  1. Patrícia! Obrigado pelo trabalho! Muito emocionante!

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  2. Adorei!Muito bom e realmente muito emocionante.

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  3. O acaso proporcionou-me a oportunidade de saber da existência dessa extraordinária mulher indigenista, educadora e feminista Leolinda Figueredo Daltro. Parabéns à prof[ doutora Patrícia Grigório.

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  4. Tinha dado por finalizado uma publicação sobre os ameríndios - Enciclopédia Ameríndia do Canadá à Argentina - após a inserção de 12.300 verbetes nominais e quase 500 NR. As referências sobre a profª feminista e educadora indígena acabaram levando-me ao excelente blogspot da prfª doutora Patrícia Grigório, de onde retirei mais sete nomes indígenas - 6 xerentes e uma guarani - cujo crédito registrado e mencionado na bibliografia. Notáveis os registros fotográficos de 1920 creditados à Topographia da Escola Orsina da Fonseca/RJ. A educação engrandece a todos nós.
    Ary Txay - txay@uol.com.br (Salvador/BA)

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  5. Me sinto honrada com suas palavras sobre minha bisavó, ela que foi muitas vezes ridicularizada por suas idéias e lutas. Obrigada

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  6. Patrícia muito grata pela contribuição da historiografia. A luta permanece.

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